sexta-feira, 9 de julho de 2010

DeLíRiO...

Basta!

Cansei de você. Você que torna tudo tão difícil.

Eu nem sei se quero continuar a ser quem sou. Às vezes entro em caminhos que me conduzem a lugares mórbidos, lugares frios que pesam meus pensamentos.

Já era, me contamino. Caio... e meus pés se prendem à terra como raízes de árvores centenárias, trazendo todo o peso das gerações que passaram por debaixo de seus galhos. Trazendo toda a impureza. Eu exalo isso.

Parece que algo me persegue e não consigo me desvincular. É como ser escrava de si mesma e não conseguir alforria. É como se a alma batalhasse pelo corpo e o corpo, que é fugaz, fugisse da verdade. Corpo burro, abre teu tato inútil!

A verdade é que sinto, desejo, amo, odeio, brigo, faço e quero de volta. Não me sacio com pouco. Tenho a fome de um leão faminto, ou de uma criança de verme na barriga e pé no chão. Dessas bem fraquinhas.

Sou gente, será que você não vê ?

É no mínimo melancólico andar em linha reta... mas enquanto caminho memorizo e me faço crer : só eu me basto, só eu me basto... só eu...

BASTA!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

do Furto...

Vou me roubar de mim.

Ou se você quiser, pode ficar. Cada pedaço de mim, escolha o melhor e carregue.

Não sou tão frágil assim, mas às vezes quebro com o toque.

O que me incomoda é o jeito com que você me lê.

Não sou assim tão diferente, sou metamorfose. Mudo sempre que me convém. Você deve se acostumar com isso.

Não tenho planos. Futuro é passado depois de amanhã. Então deixo que ele venha e me tome, que leve até se cansar.

Não me importa a complexidade das coisas. O simples é atrativo: o menor, o menos, o pouco, a essência. A essência do essencial.

O que me incomoda é a cegueira. Fruto podre que contamina os sadios.

Sou perigosa. Tenha cuidado comigo. Sou aquela que te faz acordar sempre que você tem um sonho bom.

Isso aqui é realidade. E aqui você deve sonhar, porque senão apodrece.

Eles levam sua vida num minuto que se distrai. Como uma caçada.

Aqui a coisa é assim: ou caça ou morre. Morre de fome.

O que me incomoda é que você percebe e nada faz.

O silêncio me consome. Eu me grito, me grito e não acho nada.

Bato na porta, não vem ninguém.

Acho que fui embora. Você não quis.

Me roubei de mim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Assim...


Uma quente noite de verão.

O tempo era um nublado e não impedia o calor de se mostrar presente, aquecendo os corpos que pela rua passavam.

A lua não se mostrara.

Não havia resquício de luar nem de estrelas. Ela procurava ambos.

Nada.

Duas vidas e um início.

O início de alguma página, pronta, ansiosa na espera por ser escrita.

O açaí que descia pela garganta, era doce, assim como doce era a companhia.

"Comer pipoca é algo especial", e por isso, andaram a cidade em busca da melhor pipoca da região. Repartiram.

Mas o melhor, o melhor mesmo: dorso no dorso. cabeça com cabeça.

e o som da água caindo, selando a noite.

A respiraçao.

A certeza da presença.

Já não era mais eu. Era mais.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Saudosamente Saudade.

Saudade da meninez
Saudade dos tempos de paz (?)
Do carrossel, do peito...
De fingir doença
De comer infinitos baldes de pipoca
Do algodão doce que doce deixava a boca...
De tomar banho de mangueira
De mostrar a língua pro moço da rua
Das conversas de alguém que não existia
Nem nunca existiu.
Ah minha menina, onde foi mesmo que te perdi?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Por acaso : Acaso


Mas o grito não deixava de sair da boca seca daquele menino.
Sim, era menino, ainda sabia sonhar, não era como os adultos que estavam sempre à sua volta.
Era um grito rouco e seco, no meio do campo, onde ninguém mais poderia ouvir. Isso era o que menos desejava. Fechou os olhos, só se ouvia o ruído de alguns pássaros, alguns insetos e da própria respiração. Chegou o momento de perder-se, para não mais se encontrar.
Por um instante alguns fatos: a copulação, a voz de sua mãe, a dor do nascimento. Depois a infância, com suas muitas brigas no colégio e suas macaquices. O primeiro beijo: a garota do óculos que era maior que o próprio rosto -sorriu-, ela era linda, e os óculos? Ah..eles lhe davam um ar todo especial que somente ela sabia ter...
Lembrou dos amigos, das noites e bebedeiras...das caças às mulheres em que sempre fora o mais desastrado. Não tinha jeito nenhum com elas, embora passasse horas espiando-as pela janela, enquanto tomavam banho depois da educação física.
Seu primeiro amor? Lorena...aquela morena dos cabelos negros, nos quais sempre fazia questão de se enfiar. Era como uma flor, a Lorena. Uma flor de lótus, sensível e sagrada. Fora a sua primeira mulher, em tudo. Era um viciado, e o ópio? Lorena...
Foi quando um dia no bosque enquanto colhia flores para oferecer a ela, avistou-a na outra margem do lago. Mas ela não estava só. Ele correu.
Somente nesse instante lembrou-se o fato que o fez chegar até o local, sozinho, retirado, em outro estado. Abriu os olhos e fitavam os dele outros dois grandes e vivos olhos cor de mel. Ela pegou uma das rosas deixadas por ele durante o caminho. Ofereceu-lhe. Juntamente com essas duas palavras: - Você também?
Sorriram. Pôr do Sol...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Caminhos...




O menino jogava pião no chão de terra. O pião não rodava. Ele estava passando por um grande desafio. Era seu único brinquedo.
O alimento? Quando não tinha fubá, o melhor mesmo era tentar disfarçar a fome.
Rodava o pião, ele parava. Foi quando percebeu que o chão de sua terra era todo esburacado, cheio de imperfeições, o que lhe impedia brincar com o pião.
Com as mãozinhas nos olhos, chorou.
O choro lhe veio como purificação.
Levantou-se, abriu os olhos, deu um suspiro longo e confiante, como se sua vida dependesse dele.
E dependia: deu o primeiro passo. Seguiu caminhando.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mu(n)dança

A mundança percorre a cidade, sai de você, entra em mim.
Mundança para crer.
É preciso mudar tudo. É preciso dançar: mundo.
Todo dia é hora...
de esperar?
De agir.
Falta ação, falta assunto.
Mundo mudo!
grite.desperte.